Sendo o direito à greve como forma de protesto, um direito inalienável, fica por definir se este é realmente vantajoso e o que pode ou não trazer de positivo. Fará, e faz certamente, pressão sobre os poderes instalados. Mas, e os resultados?
Ao longo dos meus 50 anos de vida e dos 36 que mediam da revolução de Abril, muita coisa está por explicar e muitas mais por compreender.
Ontem tive, como muitos, a possibilidade de rever o debate Soares/Cunhal de há 35 anos. Sem sombra de dúvidas, o marco fundamental da consolidação, da nossa jovem democracia de 35 anos. Encontrei, ou melhor, reencontrei, pontos de convergência entre este tempo passado e o tempo actual. Vi e revi neste debate, a manifestação pura e dura do sectarismo ideológico que julgava perdido no tempo mas que, afinal, continua bem vivo. Aqui encontro um ponto de convergência com o tempo actual.
Nunca entendi o sindicalismo como forma de defesa dos direito dos trabalhadores, mas antes como veículo de protesto, muitas vezes, apenas e só isso. Dando protagonismo aos principais dirigentes e promovendo, em muitos casos, lavagens cerebrais aos menos sólidos psicologicamente. Nunca vi traduzida em eficácia e solução, a posição ou presença dos sindicatos, nos mais variáveis sectores, como tendo uma palavra capaz de alterar decisões. No entanto, Eles...existem!
Portugal entrou, não podemos negar ou esconder, num beco sem saída. Num poço sem fundo. Juntar 100 mil pessoas numa manifestação, é obra! Parar um país numa greve geral, mesmo com tudo o que se posa entender como forma de opressão sobres os trabalhadores e suas famílias, não me parece possível, embora seja esse o objectivo disfarçado das centrais sindicais. As mesmas que sentem a sua influência cada vez mais diminuída. A poucos dias de uma greve, que se supõe ser geral, nada me leva a crer que assim seja. São muitos os que a farão. Mas são muitos mais os que entendem-na como inútil ou mesmo os que, querendo fazê-la, não podem. Quer por impedimentos de consciência, que porque são pressionados e chantageados ou, muito simplesmente, porque o parco valor do dia de trabalho perdido, traduz-se na falta de poder comprar pão no dia seguinte.
O tempo impõe o apresentar de soluções válidas.
O tempo impõe união e conjugação de esforços.
É possível fazer mais e melhor.
Melhor é possível!