Passado o acto eleitoral na Madeira, e arrefecida, em parte, dissecar das sua consequências, apetece-me "brincar" um pouco a situação.
Ficou claro pelos resultados que o Dr. Alberto João Jardim viu fugir-lhe o chão de baixo dos pés.Ficou claro que, a sua base de apoio já não é a mesma, pese embora o prémio recebido - Uma Maioria Parlamentar - porque o sistema eleitoral vigente continua a ser injusto e isso em nada ajuda à diversificação política.
Existem, como sempre existiram, dois PSD's. O de Lisboa, nacional e altamente dividido internamente, e o da Madeira, uno e indivisível, pelo menos até agora. A tomada de posição de Pedro Passos Coelho, líder do PSD nacional e o seu afastamento,claro e inequívoco, face aos últimos acontecimento na economia do arquipélago, foram um aviso forte ao PSD Madeira. Resultou, mesmo que muitos não o queiram admitir, numa clara retirada de confiança política em AJJ. E não fora a proximidade do acto eleitoral, teria ido ainda mais longe. Teria gerado uma forte e imparável onda pró substituição dos órgão dirigentes do PSD Madeira.
Passos Coelho, preferiu no entanto deixar aos Madeirenses o poder de decisão. Excluiu-se, fugiu ao ónus de ser recordado como o "destruidor"! Preferiu, e bem, que o "povo" social democrata da Madeira, utilizasse as armas que tinha em mãos para infligir o castigo que AJJ merecia. E isso aconteceu! Para o Dr. Alberto João, a monumental perda de votos será difícil de digerir, difícil de aceitar e, o pior de tudo, difícil de gerir. As entrelinhas dos comentários na noite eleitoral eram claras. Alberto João - único responsável - !
Mas essa tendência é, quanto a mim, falaciosa. Responsável, sim, mas não o único. Onde estão agora aqueles que ao longo dos anos ( falo dos vários dirigentes do PSD e não só) sempre pactuaram com os desmandos e as injúrias de AJJ? Onde estão agora, os que com Ele sempre dominaram a vida económica, financeira e social na Madeira? Onde e porquê se escondem, agora que tudo o que de podre fizeram começa a vir ao de cima, à luz do dia?
Não me vou alongar naquilo que foi a prestação dos restantes partidos (CDS e PS) excluídos.
Os chamados pequenos transformaram-se em grandes. Conseguiram por mérito uns e por demérito outros, obstaculizar a concentração de votos no PSD de AJJ.
Já o PS, foi mais uma vez vítima de si próprio.e da sua eterna vaidade. Apresentou um candidato desconhecido, sem prestígio nem carisma. Que recebeu visibilidade apenas e só porque o "BURACO" financeiro trouxe a Madeira e a sua campanha eleitoral para a comunicação social de modo nunca visto. Não fez bem os trabalhos e casa. Não soube, não quis ou não pode, jogar com uma situação que, convenhamos, era do seu conhecimento. Se não total, ao menos parcialmente...
Já o CDS, na linha de um trabalho continuado e exigente de investigação e até reimplantação, logrou os seus intentos e pontuou no terreno dos seu dois principais adversários. Ainda bem, por um lado, que o PSD de AJJ logrou uma maioria parlamentar. Correríamos o risco de vermos reeditada na Madeira, uma coligação pós eleitoral entre os mesmos protagonistas do Governo da República desde que, AJJ saísse de cena.
Alberto João Jardim já não dispões da força de anos. Tem pela frente um dura e complicada tarefa nas negociações com o Governo central para a ajuda financeira e para a sua implementação. A pressão será enorme mas, o "animal político" terá sempre forma de contornar as dificuldades que lhe surgirem no caminho
e, mais uma vez..sair por cima.
Desenganem-se os que pensam o contrário!